terça-feira, 23 de dezembro de 2008

o maior saco cheio de maria.

não repetir as mesmas palavras
as mesmas palavras a mesmas palavras as mesmas
as mesmas reclamações-não
o mesmo comentário sobre o tempo
a mesma pergunta lisa
tudo bem?
não. não tecer os mesmos desejos enxovalhados
os mesmos desamores
mesmos caras
não. não ter os mesmos medos
renovar os medos
enxotar qualquer mesmice canalha
qualquer reclamação de samba cheio
ressaca de não diversão
cansaços
o mesmo cansaço de sempre
da mente turbilhonada
concentrar -concentração
não. não são conclusões de fim de ano
é o maior saco cheio
batido no liquidificador dalgum titã
que explodiu na velocidade máxima
da lâmina giratória
de cabeça para baixo
é o saco espatifado
sem volta
é maria sem saco
bastou?
nenhuma tolerância
banguela
bastou?
não
ainda falta descobrir quem é esse alfaiate filho da puta 
costura sacos para as pessoas agüentarem
depois de matá-lo duas vezes
o ressuscito com um terceiro beijo
vai seu filho de todas as putas
ser poeta de boteco sujo
assim
salva mais almas
bastou?
ainda falta perder o medo da panela de pressão
ai bastou

sábado, 20 de dezembro de 2008

uma tristeza prolongada por trás dos meus olhos no espelho




(fui ler Pedro Juan Gutiérrez, esse cubano sem vergonhas, tira a tristeza do fundo do olhar da alma do útero de qualquer dama qualificada a ilha, por ora, por não conseguir outra coisa. depois, vi a tristeza aproximada, prolongar-se, discreta feito um escândalo, por não conseguir outra coisa. por ora)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

TUDO QUE VI

Vi uma mulçumana comendo bolacha recheada na rua 25 de março, linda, maquiada e a bolacha de chocolate com uma carinha feliz desenhada.
No TRE, Tribunal Regional Eleitoral, na fila, ele disse oi, ela, oi, ele, casou?, ela, casei, ele, casou! nossa!
distrai-me.
voltei.
ela, uma folga por semana, ele, ah, eu também.
no ônibus, o calor, o transito, a mulher reclamava, e eu disse, é que o mundo já explodiu e a gente nem sabe, ela, é o quê? , eu, o mundo. explodiu. ela, ah, as compras né?, eu, não, é o mundo mesmo, ela, ah. eu, estamos mortos, ela, eu to só indo atrás de uma assistência técnica em pinheiros, eu sorri
Homens conversavam enquanto comiam na praça de alimentação do shopping,
-que dia da semana é o natal?
-não sei.
comem
-dia 28 estarei em Araçu
-dia 30 tenho que estar lá, aniversário do Diego.
comem
-ah, e da helena também.
-as crianças tão acostumadas a viajar né?
comem
-sim. só que.
-só o básico né? o xixi.
comem
- temos que pegar um feriado e ir pro rancho do meu irmão
-ah, é uma delicia.
comem
-o segredo é cansar as crianças, brincar até meia noite.
-temos que marcar já, deixar marcado para não ter como escapar
comem
saio
vi um sabonete liquido de mel com limão
quase comprei.
o homem tentava cantar no ônibus após muitos minutos de av. rebolças “Goiabada Cascão Goiabada Cascão”
desci do ônibus respirei um ar av. paulista iluminada, corri para casa ler manoel de barros, é que, de repente
me vi pretendida a árvore sem bolinhas

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

cai de mim no chão

cai, fiquei esperando alguém me segurar e cai
para mim a noite acabou ali, eu no chão
fiquei sem reação uns segundos suficientes
para o universo gritar nos meus ouvidos
para! noite sem pé
boca de vento sem raiz
coração desgrenhado cheio de mato 

selvagem
você dança o encontro
mas cospe no beijo
que sujeira é essa na sua fé?
vai vadiar de verdade!
23/05/08


CAI a uns trinta centímetros dos meus pés

vi raiz sem chão


(minha saia rasgou. cai.
a cabeça doeu do couro
ao queixo.
perdi o celular e a memória.
desaproveitei a festa.
cuspi na noite)
27/05/08

Observações Apuradas de Carol Splendore

Nossa, como se relacionar esta difícil, mais difícil que emprego!
E, se bobear, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma.
É caivel bem.
Bem caivel.

Salve Carol!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

SORRISO-JAZZ

domingo de massa fresca, manjericão, tomate e pêra, receita de rodolfo.
aqueles causos de amor contados as gargalhadas amigas.
vinho.
tem algum, sei lá, mudou diferente.
sim, alguns fins de suma importância
(sem fim)
do fim,
que participam desse estado que não me reconheço
mas deixo invadir:
descabelei-me
coloquei uma flor na cabeça.
o sorriso já estava lá,
UM SORRISO-JAZZ
blusa de crochê
preta
saia vermelha
um andar solto que até parecia dança inusitada
Fui me caminhar
com mercedes sosa na memória de todo cambia,
voltei para casa mesmo foi toda jazz
sorrindo um não sei o que de tudo muda
colocando nomes na boca do sapo, depois,
algumas lágrimas estranhas
elas, sorriam escorrendo
no meu rosto lavado jazz
acabou assim:
já que gnomos não existem
mas deus sim
fiz uma prece para o geral- coisa
de estamira a stela do patrocínio,
que aja maria toda samba-dias-jazz
que “meu amor não se atrase na volta não”
mas se atrasar
que vá batucar cantigas de ninar as formigas de neverland.
“Jogo-lhe um quebrante, num instante você vira sapo,
bobeou na crença, príncipe, volta ao seu posto de lenda”.
ainda pedi a nossa senhora hilda hilst
algum desentendimento
necessário
acabou assim:
eu-jazz-samba, maria de lágrimas sorridentes.
e fim
com todos o fins
01/12/08
Adoro aquela baqueta que parece um espanador de pó. Sabe?
Faz um som bonito né?
Eu acho.
ps: as aspas são trecho das músicas 10 CONTADOS e LENDA, da Céu.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vanguarda Escorpiana

a trupe
lia
bruno
thais
escorpianos
eu,
escorpiana
quatro
escorpianos
sábado:
samba
jazz
samba
festinha
lá na
casa de
alguém,
na lapa.
trupeintensa.
ai o amor
aí as conversas
thais lutou
com dois
assaltantes
lia se apaixonou.
bruno não lembra
(de nada)
e eu, pasma
com o
arquiteto
sincero
tem namorada

disse
banda ao vivo
catuaba
dj depois
festa descolada
tem tapioca
eram duas
e a gente ó
ou saia dali
ou ia para casa
o jazz
tinha acabado
taxi?
pompéia
ou lapa?
vila madalena
pinheiros
consolação
estávamos
entregues
as nossas
próprias
camas
sem crise
adorei
essa
trupe
axé
outro
sábado,
ou terça?

domingo, 30 de novembro de 2008

cheguei minha cidade de plástico cinza eletrônica

cheguei do centro da terra pela escada rolante
pesei seu solo de cimento

som de animais motores
no caminho até minha casa

dentro de um portão
dentro de uma porta
depois outra
cruzei com essas espécies que sem casa 

vivem a céu aberto 
ar carbônico e cama de papel
desolhadas
minha doce, miserável cidade antivegetal 

ave algum santo social
se é que há algum
você possa algum dia deixar de ser pólis antigente


sábado, 29 de novembro de 2008

“Se FOGO não queimasse eu tomava banho de labareda.”
Trecho da música do espetáculo, FESTA DO FIM, da Formação 09 da ELT.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Trechos

dessa ilusão da atualidade
não sei dizer ilusão
ainda é fé sem piada
(querendo que fosse verdade tudo que aconteceu)
verdade inédita
simplificada
deu em dois
e pronto
19/11/08

ando com um arrepio logo abaixo da sétima vértebra, eu paro a ação, é assim, e se espalha e flutua
o arrepio, cabeça , ombros, coluna,
vibra
e aí vai vai
até escapar em um sorriso que vira risada.
26/11/08

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Em que parte mesmo?

em que parte estávamos mesmo?
estávamos sempre no começo, achava tudo um susto bom na ideia, estar ali,
sempre começando com você todo em partes
em que parte estávamos mesmo?
achava que sempre estávamos no meio, um meio sem fim, era sempre meio, porque assim dá menos
é sempre uma intenção em desmantelo
em que parte estávamos mesmo?
estávamos sempre em desmantelo
cumprindo função de de repente, e se?
quase
e no seu rosto que parece um sorriso com uma risada
encontro ali, estranha, toda rindo
quase
em que parte mesmo?
fim de algum lugar dividido
em que parte mesmo?
sem parte

24/11/08

domingo, 23 de novembro de 2008

afta de domingo

li chacal:
“A paixão é pra disfarçar solidão tão cheia de aflição que podia ser uma afta.”

vou para o samba
afogar as pernas e esquecer a afta

eu-naufrágil

vestida de branco eu era uma barca frágil enfeitada de amor, pretendendo doçura.o samba, de música, passou longe e almas, era pretexto de naufrágio , batucada de desordem, pétalas se afogando em ondas. não amor.
vestida de branco e enfeitada de flor as raízes grudadas aos meus pés, tinham, arrancadas da terra, eu-muda e flor, oferenda de não-santo. nau-frágil pronto para mar-desabar
a flor doçura
amor
e todos os descuidos

samba do desamor, 14 de outubro (de fins) de 2007.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

verbo aberto

o verbo todo aberto e seu fundo
anti lucidez de ruído
prosa-poética
a poesia e seu fundo sem chão
eu o verbo  aberto
ação fluida
mulher-tambor batucando alguma intenção
cacofonia  sutil:
de como se captura o homem na terra sem que ele mesmo perceba já estar jardim e seu verbo
poema aberto
e fundo sem chão


(exercício de resumo do poema)

ação fluida
poema aberto
e fundo sem chão

Blá Blá de Metainstante

o tal “instante já”, de Clarice, é mais o fim em si dos momentos em constante destruição.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

primavera negra

o moço negro das sutilezas misteriosas
faz música fora dos nossos corpos
e silencio dentro das palavras
(de declarada beleza dizendo belezas)
não esperava aquele beijo
e cintura de corpos

21 de primavera de 2008.

ORAÇÃO DE NÃO EDUCAÇÃO

um ermo.
sirvo-me de Manuel de Barros e seu ermo para invadir o meu.


tenho um ermo no peito. invadido sempre por fugitivos que vêem algum mistério parecido com uma festa na vastidão.
a coisa começou desde sempre pequenina, ali, nas bagunças dos dias, sobrevivendo ao não.
criei um nada orgânico, fiz da minha imaginação spray poeticida, anti-nãos, luminária do canto secreto do meu olho, música vadia para obra ao acaso das invenções.
criei a ideia como a amiga imaginária, senhora, rainha e mãe de santo desse ermo no peito.
ás vezes, uma má educação contribui para a formação do individuo, até hoje me deseduco diariamente, ou semanalmente,  não passa de um mês. alimentando o corpo ocupado de obras ao acaso originarias de uma péssima educação.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Segundo Rodolfo, estou muito feia-largada para uma menina,
Ser uma menina bonita empostada, hoje, quem? Não é comigo.
Sou Maria, a feia, sem vestido de flor, apenas uma ressaca sem crise muito a vontade com a descompostura temperada de água e sal e perfume de barata.

...

Quis fazer poesia de quase tudo, do bicho que andava no meus óculos enquanto lia Ana Cristina Cesar, ao corpo bonito do moço bonito, que amanheceu na minha cama esses dias. Então fiz poesia do rosto bonito do moço de corpo bonito, então fiz:
Seu rosto parece um sorriso com uma risada, e fico toda!
Fim.
17/11/08

CHUVA DE LADINHO

isto de ter essas mesmas palavras, esses mesmos pensamentos, esses mesmos reclamares, já deu de velho banguela-ranzinza ,cuspindo para fora da janela com o carro em movimento com o dedo no nariz se benzendo na cruz  curvado-se deselegante em cumprimento ao rei,
em não sorrir na parada de ônibus e nem no ônibus, perguntar se esta tudo bem e olhar no relógio, falar do tempo da temperatura, ter sempre sono, quere sempre o fim do dia,
isto desse amontoado de mesmos,faço uma farofa para as cucuias que o pariu, do cu de algum lugar indesejado, como acordar as cinco da manhã na segunda-feira de chuva de ladinho, sabe?
aquela diagonal no corpo ex-seco.


do que me sai nesse momento em palavra portátil e tropeço da alma poemada: filete de linguagem traduzível apenas a não razão dos mergulhantes.

sábado, 15 de novembro de 2008

ladeira narrativa

um clips no chão
uma moça avisando no celular
uma bunda grande no jeans
o cobrador de ônibus mexendo no canto da unha
a moça sorri o ônibus para
e eu tentando fazer parte de todas essas coisas
passageira
cada todo que já foi
estar nessa agora
já desci
a grade
rua
árvores
lixo
lixos
passos
ladeira
descer a ladeira
deixar o fim da ladeira
para quando o fim da ladeira


útero, a lágrima e estopins

ao pé da saudade brotam girassóis com úteros proliferados, eles, se quer foram plantados. agora enxergo que são sementes do tamanho do sol em energia e quentura. não entendo a física para saber se energia e quentura são as mesmas formas de dois dizeres. sei que o que vai é intenso e devora. é um pré-jardim desiludido de fadas, é um jardim que acredita nos úteros, nos insetos e seus dizeres, no jardineiro e sua devoção.

31/08/2008

desaconteceu  uma lágrima do meu olho, fugitiva, inesperada. uma lágrima solidão por ora.
rasguei-a em mil pedaços de água e seu sal rebento,
um lustroso aconteceu no meu olhar descontrolado, uma solitude  resolvida e este poema sobre a lágrima e seu molhado miltidizeres.
seu molhado estar só-por-ora, estar um, então tudo o é inteiro, assim, até a lágrima.

28/07/08





algum novo, já não mais semente, broto de título inédito se faz no meu dia. arranca-me alguma certeza muda, confiante, não sei, não vi e existe, me disseram estratagemas esotéricos das consultas de alguns muitos dias insolucionáveis.
dizem essas vozes, calma, ordem de silêncio, muda, sem entrelinha do não som. apenas a novo, visto a olho nu,  estopim.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tenho por hábito converter o tempo em poesia, mania de menina, desde quando achava que a voz alta-gritada da minha mãe era por motivo de um microfone dentro dela, instalado na garganta, ou de antes ainda, em meses de vida, quando comia baratas descobrindo o chão da casa. minha mãe e toda sua poesia tentou salvar-me com uma mangueirada da água na garganta, como uma cachoeira nas cordas vocais. Essas experiências, extra-sensoriais devem ter afetado meu senso de palavra.

Trecho de META-POESIA- Repalavrada.
Vou postar inteiro ainda.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

RerraízAo mestre Edgar Castro
um texto infantil.

Desci da árvore pela escada, por segurança.  Curiosa subi  novamente de carona no lombo de um besouro gentil. Longa foi essa viagem, pois o tronco era comprido e meu olhar em instantes povoou-se de floresta.
Já na copa, agradeci o besouro, beijei cantante.
Cumprimentei a lesma que estava logo adiante, observando meu desembarque, estávamos ali, certo? Então para que excessos. No besouro, o beijo saiu- me na lesma um acenar.
Fui chegando ao tronco como quem decide ser árvore ou parte desse ser.
Fui cogitando folhas, flores, frutos, gravetos e já estava pensando tão verde que cogitei a copa inteira, descendo madeira até a raiz, quando percebi estava em baixo da terra, e perceber é sem volta. Algo precisa ser feito.
Eu era uma semente plantada no útero da terra, caos querendo explodir, lanterna abundante. Redondura pequena de baixo para cima querendo sair-me.
Os sapos rezavam de dentro para fora, ladainha á mulher-árvore que habitava a terra e seu fundo e a romperia ar, marrom casca e dias.
Alguns peixes espiavam na superfície da água, o céu pré- árvore de mulher.
Chegou a noite, e o tic-tac dos grilos, a reza dos sapos, a vigília dos peixes mais a procura do vento próximo, ainda, existiam na espera desse parto, no suspiro escuro.
A vagina da terra cresceu, astros latejavam o céu azul escuro, uma árvore mulher, primeiro os cabelo esparramados, altos-caracóis, o corpo grosso-nós, textura- célula e uma raiz vermelha que esquentava a temperatura daquele terreno, corpo de um todo, sabido solo.
Para surpresa dos sapos, grilos, estrelas, peixes e vento aqueles galhos eram habitados por corujas verdes, muitas delas, umas frutas lilases de polpa gema, alimento e as folhas redondas
Onde começa chão, termina chão e não tem fim.
ainda em luas, algumas, o ar ganha cheiro de mulher, as corujas fecham os olhos, as frutas são colhidas, sem nunca acabar, e em algum redondo do desejo o espírito feminino expande superfície e fundo e pessoas desfolhadas trocam clorofilas.
No canto o silêncio, a árvore-mulher sorri toda por dentro enquanto o besouro e a lesma beijam-se, saindo-lhes.

pós-ensaio
06/07/2008

fuga poética

sou eu terminando o nada
dói
dói mais que a ilusão
é como ter um peixe em um aquário de ar e depois descobrir sua artificialidade
vê-se encharcada de água e quase sem respirar
segundos depois abrir a boca em susto de ter permanecido assim tanto tempo
nadando sem o peixe e suando o tempo
em atividade de não e nada

22/10/08


a poesia me escapa
tem dias
peneira no olhar o fora sem obviedade
armazém de ainda não escritos
vem com a vastidão da necessidade
quando
uma selva

19/10/08

retorno poético
a poesia  volta quase sempre nua, descabelada flores, tal qual uma eva vienense de klimt
diz, estapafúrdia, sua alma nua, dança
mulher bicho gigante
é espanto e soltura
linguagem que fluí
(mesmo quando sem o plano da palavra)
bem vinda minha eva proibida, dança a verdade em ser
convida o homem são a fazer uma bacanal, comer todas as maçãs e depois, no paraíso imediato de cada dia, comer todo o fruto proibido.
20/10/08

domingo, 26 de outubro de 2008

NEM-TE-VI

NEM-TE-VI é o nome de um pássaro negro, bem raro de se ver, e quando os olhos ficam povoados de uma selva, ele é muito rápido, e quando, nem-te-vi beija, quando, aí um pretexto de pensamento habita MULHER-TAMBOR-FLOR e toda a selva.


sábado, 25 de outubro de 2008


IDEAR
Tenho exercitado a loucura sólida ela vem na poesia e descansa suas pernas de baile e festa, nos dias, descansa na dança sua disritmia, seu despreparo e sua experimentação.
Descansa nas minhas células espalhadas na boca quente, na bacia circular, no trezentos e sessenta graus das minhas esferas multi-fecundas, embrião de multi espermatozódicos, cangaceira floral, machos e minha selva ininterrupta, verde escândalo de frutas gozosas onde tudo come doce, azedo, escorre pé de rio e conversa de semente com o seu possível árvore. Desconheço os motivos dessa fé ateu, desse diabo gentil entre minhas pernas, desse sexo fluente que existe sempre ali, a ideia, a ideia é o cavalo da minha loucura, amo tanto seu acaso, como surge artéria e se espalha oxigênio respirado, que nem desconfio,que  por vezes, não existe seu sólido, tamanho o gozo.
Elas, uma a uma, a cada gozo do plano mental liquidificam-se, então tenho que cometer a escolha como um ato vivo, material, para revelar o fantástico estúpido imaterial em mim, esse caldo invisível tátil suculento colmeia interna de mel e ferrões.
(quem quer que tenha fatos de calor interno para compor esses truques sinceros, esse, o vivo ninfomaníaco de idear no tempo e pegá-lo. está convidado)


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

COISA VIVA
Comecei - me agosto de semana sólida, dia-hora, pé no trem, alma de relógio e casa passageira. Não arrumei a cama, e nem fiz arroz, comi o comido como dava,dormi o dormido como o possível, no limite. Não atrasei.
Estive toda essa coisa de estar crianças dos meus dias.
Voltei agosto como origem desprimitiva, da cidade, do tempo previsto, da surpresa ligeira me tirando o arzinho.
O corpo, os corpos amigos, a saudade, não fiz silêncio, falei o de mais, falei até o segredo explodir dentro do pote e virar gás, purpurina.
Desjulho o meu tempo, é que hoje em dia a coisa viva passa rápido, vai logo para o lixo.
Já do amor, coisa viva, esqueci a calcinha pendurada por aí, a dúvida certa.  Hoje não dá nem o tempo da paixão e vai logo dando até logo, quando, outra quase paixão sem respirar, mesmo lá.
Desjulho em poesia e agosto a poesia, me alimento dessa fé para manter a coisa viva.
Vinho, Manuel de Barros, Evoé meus dias.
Viva o  santo espanto caso desses que cachoeira o meu olhar e beija o desconhecido, coisa viva, até calcinhas por aí.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Transcrição de um diálogo explosão.

Á Ricardo quase verdade.
11 de Junho-Decidido de 2008.



PALAVREADO de RICARDO quase Verdade.

(Estava saindo do mercado e Ricardo olhou e acompanhou-me dizendo)
NOSSA! que elegante.
quebrei um pau em três partes e disse senta aqui seu veado, senta no dinheiro. Você acredita?

(Atravessando a primeira rua)
É TÃO BOM ter dinheiro. Se a gente pudesse a gente gostava um do outro. A gente comia o outro. Se a gente pudesse a gente se pegava no colo e cuidava um do outro e beijava as genitálias, é que a gente não pode.

(Esperando para atravessar a segunda rua enquanto tira um pedaço de rúcula da minha sacola)
É TÃO BOM ter dinheiro, mas eu adoro ser rico. Se eu não pego, roubo isso aqui de você, eu morro de fome.
(Come a rúcula de olhos fechados, fica emocionado com o sabor. Pergunto o seu o nome ele me responde  como sem importância)
é RICARDO DA SILVA e tal.

(Enquanto atravessávamos a rua)
EXISTE GENTE insignificante. Você não acha? Não. Você não acha por que você é mulher. Mulher é idiota. Mulher tem disso, dessas coisas, porque é mulher.


(Começou a divagar sobre a mulher, especificamente a minha mulher. Fiquei sem jeito. Não lembro bem o que ele disse, era alguma verdade dessas que o olhar chega antes e as palavras pouco importam. Não me lembro, mas senti algo constrangedor, revelador, que não me deixava ouvir, mas saber que alguém me percebia em profundidade instantaneamente. ELE RIA.)

ONTEM EU quis casar com uma mulher. Faz falta essas coisas de mulher que é importante. Por que eu não posso me casar com uma mulher? Por que eu tenho que ser veado pro resto da vida inteira?
é tão bom ficar lá na casa, no tanque assim.

(Tentativa de despedida um. despeço-me)

VOCÊ VAI no Ônibus e eu vou ali.

(Me despeço novamente e lhe dou um abraço, ele me levanta do chão)

CREDO que magra! Precisa comer.

(Barulho de freio de carro)

Ih! DEIXA eles se matarem!

(Continua andando comigo)

EU JÁ DEI machadada na televisão é tão bom dar machadada na televisão. Você pega o teclado do computador e dá uma machadada no meio, é bom.
VOCÊ JÁ MATOU alguém? Não! Eu mato. É bom.
VOCÊ PROMETE que mata alguém antes dos cinqüenta anos? É bom matar alguém você se sente livre.

(Prometo que sim)

NÃO. NÃO mata ninguém não! Você tem poder. Você se sente livre.

(Tirando uma flor pequena de um canteiro)

EU ENCOMENDEI esse trevo aqui, fizeram tudo errado, ainda é rosa isso aqui.
É que a gente voltou para 2008.
EU COMPREI uma máquina do tempo, tem umas caveiras, elas marcham ASSIM Ó.
(mostra algum movimento)
TEM NADA não. A gente vai pro futuro de novo.
O FUTURO É tão bonito. O futuro tem rios de sêmen.
É um silencio.

(Uma moça nos observa do orelhão, ele se dirige a ela tirando sua faixa do cabelo, na seqüência ela põe de volta na cabeça)

TIRA ISSO.
A MULHER MAIS linda do mundo usa uma faixa no cabelo e parece uma enfermeira!
Ahaha! Parece uma enfermeira!

(Tento me despedir novamente junto com a moça, ele nos acompanha)

EU ESTAVA TRANSANDO com a minha mãe. Você já transou com a sua mãe? Em cima dela? Ela disse, não sai de cima de mim. Credo mãe, como você é gosmenta nojenta. Ela tá lá na cadeia sentada com as pedras, com um vestidão.

(Apareceu um carro de polícia e ele foi conversar com eles. Algumas senhoras que estavam aguardando para atravessar a rua comentavam que ele tinha sido um cabeleireiro muito famoso e rico. Fez uma plástica mal sucedida e ficou com o rosto deformado daquele jeito. Então, eu disse que o quê e ele dizia era poesia, metafísica, inconsciente-acessado, sei lá. Uma das senhoras se interessou, e perguntou. como assim?
Então repeti que no futuro existem rios de sêmen. E que lá é um silencio. Ela sorriu constrangida enquanto a outra senhora, implicada, explanava que talvez, essa gente, é melhor que a gente. e outras coisas sobre gente.)


terça-feira, 21 de outubro de 2008

RASGANDO HORIZONTES

O Horizonte é bonito, estático, brega anti auto revolução. Largo. Tencionado por um encontro ilusão, o de baixo com o de cima. Truque do olhar.
O horizonte não se encontra, habita a beleza do inatingível, do ainda se chega lá.
Nunca se está aqui, o aqui, é o onde se pode chegar, onde se pode ir, onde vamos ir, aonde vamos, sem nunca ir. Só o horizonte encorajando a linha de uma beleza farta.
Hoje, rasgo o horizonte conservador do sempre depois. Dessa imagem publicitária do céu, desse fetiche do futuro.
O ponho no seu devido lugar, de regalo dos confins da natureza, da vastidão, sem adiar meus dias nessa impossibilidade. Invado  a sua distancia e a aproximo dos meus pés, do agora-imediato, da minha alma possível vertical de horizontes rasgados.
PARTITURA EVOÉ

Á Escola Livre de Teatro

os dias
desenhos vivos
entre minhas pernas as horas
cintura acima, baila, o universo de pétalas.
e eu,
desabrochando e caindo
sem dó miserável
ou deslumbramento de cego.
é tambor na fogueira
puta apaixonada
saia sem calcinha
luto de assassino,
fé de beata
casa de praia
e castelo da bruxa feia
é rima analfabeta
besouro no leite
anão de joelhos
e luva de língua solta
é vento na privada
gema de célula do instante
Susto no cavalo
susto calado
tudo sem rima
é peito sem cadarço
lua no dia
e noite cremosa
cama de abelha
e ferrão de palavra
é título de texto rasgado
e cheiro de Vó
do banheiro ao quarto
só na casa.
rede no farol,
quintal na praça
e aquela coisa lá
é terra no ouvido nascendo fone
é maçaneta da idéia
e discurso de mendigo
é quase tudo de novo
ovo da inspiração
frito de voz aquecida.
é esquecer e quase lembrar
e depois,
quando será
que nunca termina
são ondas do mar
invadindo entre árvores
voltando
invadindo
com frutas paridas
entre a alma da convocação
e o pé do inacabado

18 de Maio de 2008.