terça-feira, 28 de outubro de 2008

RerraízAo mestre Edgar Castro
um texto infantil.

Desci da árvore pela escada, por segurança.  Curiosa subi  novamente de carona no lombo de um besouro gentil. Longa foi essa viagem, pois o tronco era comprido e meu olhar em instantes povoou-se de floresta.
Já na copa, agradeci o besouro, beijei cantante.
Cumprimentei a lesma que estava logo adiante, observando meu desembarque, estávamos ali, certo? Então para que excessos. No besouro, o beijo saiu- me na lesma um acenar.
Fui chegando ao tronco como quem decide ser árvore ou parte desse ser.
Fui cogitando folhas, flores, frutos, gravetos e já estava pensando tão verde que cogitei a copa inteira, descendo madeira até a raiz, quando percebi estava em baixo da terra, e perceber é sem volta. Algo precisa ser feito.
Eu era uma semente plantada no útero da terra, caos querendo explodir, lanterna abundante. Redondura pequena de baixo para cima querendo sair-me.
Os sapos rezavam de dentro para fora, ladainha á mulher-árvore que habitava a terra e seu fundo e a romperia ar, marrom casca e dias.
Alguns peixes espiavam na superfície da água, o céu pré- árvore de mulher.
Chegou a noite, e o tic-tac dos grilos, a reza dos sapos, a vigília dos peixes mais a procura do vento próximo, ainda, existiam na espera desse parto, no suspiro escuro.
A vagina da terra cresceu, astros latejavam o céu azul escuro, uma árvore mulher, primeiro os cabelo esparramados, altos-caracóis, o corpo grosso-nós, textura- célula e uma raiz vermelha que esquentava a temperatura daquele terreno, corpo de um todo, sabido solo.
Para surpresa dos sapos, grilos, estrelas, peixes e vento aqueles galhos eram habitados por corujas verdes, muitas delas, umas frutas lilases de polpa gema, alimento e as folhas redondas
Onde começa chão, termina chão e não tem fim.
ainda em luas, algumas, o ar ganha cheiro de mulher, as corujas fecham os olhos, as frutas são colhidas, sem nunca acabar, e em algum redondo do desejo o espírito feminino expande superfície e fundo e pessoas desfolhadas trocam clorofilas.
No canto o silêncio, a árvore-mulher sorri toda por dentro enquanto o besouro e a lesma beijam-se, saindo-lhes.

pós-ensaio
06/07/2008

Um comentário:

Lívia Alleana disse...

que lindo!!!
arrasou!!!
te adoro