sábado, 5 de dezembro de 2009

é, me parece tranquilo e fluido a dignidade de envolver-se  que esqueço de pergunta: isso me interessa? é que a razão da palavra caiu tropeçada em si, perdeu o valor e me queimou o estomago alguns peidos. é que as palavras ensimesmadas em si encerram-se a ação não.
não
quero mais não
dizem tanto o quê não são
que contra isso
só a mudez de um ação
nua

(disseram-me: então, quando vierem cagar em sua direção, solte um peido antes,
e saia do ambiente.)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ai chorava, perguntavam do café, chorava, se tava tudo bem, chorava, se tinha saído de lá, ai, aí chorava, secava os olhos quase quase, sem razão, por que chora? ai chorava, o que ia fazer na sexta, chorava, sorriu tão tão espontaneamente, chorava o trecho Ana Cristina César , quase ria Arnaldo Antunes, quase, choramingava, secava o quase molhado disfarçadamente comendo o tempo no relógio que não passava, um choro, não o dela, não, outro choro da criança que ela chorava, disse amo, sim ama, quase quase chorou e riu meio atrapalhada da própria sensação, tudo absolutamente úmido de dentro para fora, cuspia pelos olhos o que nem sabia, chorava o pão, o óculos quebrado, a chave enguiçada da porta, a luz meio amarela do corredor, o cheiro do amaciante o jeito atrapalhado das crianças de contar episódios fragmentados tão completos na verdade discursiva, que chorava, vinte minutos de espera, o calor no vidro do ônibus a falta de troco do cobrador, não, não fica assim jururu, que cê tem? tenho jururu seu cu, jaburu, queria responder assim, não conseguia tamanha a falsidade, ai, aí chorava disfarçada de sensível. ah não fica assim assim como jaburu? admito a tristeza sim, chorava alegre a dor-sem-nome vazava, deixava-se a cada vai chover sem guarda-chuva molhar bolsa, livro, pés, fim do dia café na cama,
chorava,
dormiu encharcada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

falando o rabiscado
falano rabichicado
o falão bixificado
facão fincado
ação fígado
figa
ga
do
do
(boldo nele)
ontem
travei os costas
dando risada o que falar
inexplicável
hoje
eu cultivo as costas
maldizendo musculutura:
eu só ria
(arnica nela)
credo
nem pensar

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

hálito de borboletas frescas
recém prontas para a morte
quando a palavra
cospe
(desajeitado título)
a não-poesia
delira
ficções do dia-a-tédio
na cidade apodrecida
escorrem-me:
café. não.
antes botar fogo
(em tudo)
e festarmo-nos a indolência

quinta-feira, 23 de julho de 2009

é coisa que gosta de chuva é menino
TOMEI CAFÉ olhando o mar se por, por cima do sol, o céu de água azul marinho explodiu buraquinhos cor de prata de onde escapam sal que pingam no oceano:
é por isso o sabor do mar!
(moscas pousaram em cima do poema, bem no sabor, saem libélulas e de tocaia se escondem nos buraquinhos do céu. com a chegada da aurora, rasgam , assustadas, o céu da noite
e cai tudo claro em água:
como em grito amarelo, gentil e sorridente, um varal dos insetos ,atrás do mundo, se faz e rezam um choro molhando a terra, onde nascem mais moscas, depois libélulas que rasgam o céu em ato de amanhecermo- nos)
tomei mais um café
JERICOACOARA
JULHO/2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

café tem cheiro de mulher
(para a menina que fui)

sábado, 27 de junho de 2009

Terrível Meio Dia e Dez
Ainda

(o que faz ela enquanto diz que quer ficar sozinha?)
ela chove-se terrivelmente
geléias do escorrido
terrível temidissimo
odela vinha-lhes
vermes-vaga-lumes
cagando luzinhas
cabeça-galhos
d’água ardentedela
sozinha
surda ficou em meio a oito gritos
(terríveis)
de crianças se divertindo
em ato de suas vontades
movimentos de pimenta
livres do tédio
mais temida
ASUAVONTADE
coçava a cabeça
(sem teto)
piolhos trovadores cantando: tafudidafudidatáofereçatetálátudoaquisóofereçate
ritmada
a queda cor-de-asa
e todo um galinheiro que não sabe voar
para que asas?
só bicos?
para os podres dos fins das merdas dos vaga-lumes cerebrais arrebitando os rabos para ela dilatar os girassóis despreocupados: fodendonus

(crianças brincam com bexigas terrivelmente coloridas)
Terrível Meio Dia e Dez
Ainda

domingo, 21 de junho de 2009

dela:
beijo
o
sim
hum
(dois)
SAUDAÇÕES ATRAVÉS da peneira
o Poeta através da peneira
na abertura da boca do jacaré
atrás da colher
pacientemente
delicado
a tirar
as bolas, uma a duas
do vestido cor de bola
do pano sem fechecler
de nó
do peito de vento da Poeta
arrancando cada ar
de secreto
que
nem pode ela sufocar
do sorriso ao riso
de três em quatro
que a revelava
de tempo em toque
o de dentro dos parênteses
atmosférico

ME ASFALTO as pupilas (tem dias) despetrificada, rios sacodem de dentro afora cuspindo maré e selva no rosto desdelicado.
Teores ácidos lavam invisíveis, nem desconfia que nem sabe.
Chora cuspes.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

rente ao chão despetalado
vou
(sem clichês)
(alguns)
vem?
cutucar o seu fundo correndo calma
a espécie da fome adjacente ao despudor
confessa-te
(não aqueles)
ti
que indago é um pretexto
vem?
cutucar o mundo
um incomodo tão alheio-deles
(nosso)
vem?

confessaTE

sexta-feira, 29 de maio de 2009


DOS CARACÓIS da escrita de Nathália
dos seus caracóis
vem um fluido sem ponto
vírgula
e meio
(de baixo ou por cima?)
uma garatuja de bolas-riscos
que a gramática nem tateia
nem
perdeu-se viva na poesia

terça-feira, 28 de abril de 2009

Onomatopéicos (segunda-feira, às oito e cinco da manhã)

três ruídos ao mesmo tempo
duas crianças
uma mulher
Ruuuuuuuuuuuum
(de repente /esvoaçado/acompridado)
ai que barulho
(a mulher perguntou)
barulho de banana
(diz o pequeno)
de avião
(diz o outro)
já é barulho de preguiça
(diz ela)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

de paz
prefiro-me assim:  
afeita a desastres ruindo em percepções
acalma-me
GOSTARIA QUE MINHAS INTERJEIÇÕES fossem entre listas de mercado, listas são mais arroz, pão, detergente. nada vago, limitado. é para lavar os lençóis, receber as visitas, encher a casa de manhã-café, o cheiro. gostaria apenas desses limites, preciso de fósforo (e apenas) a vela se para fazer uma prece ou atear fogo a sala? ultrapasso o limite da lista, do sal, da cachaça, ultrapasso o limite substantivo, penetro. os objetos se desobjetam, furo na precisão, apenas desejada, que gostaria entre as listas de hoje. nada vago, pelo menos hoje. 

TABACO SANGUINEO

Enquanto fumo lenta,
puxo a fumaça
alisada dalgum pensamento
escandaloso,
Meu corpo está deitado de lado
com um braço ao longo do deitado
agarrando o lençol
o outro braço
jogado para trás
com a mão na nuca
pressionado a vértebra saliente
(sétima, a chamam)
lenta
Abro os olhos,
vejo bolsa e chão
livros, criado-mudo
o grampo solto-livre da minha cabeça.
Nunca fumei.
Fecho os olhos  
esses duplos ainda estão
ao mesmo tempo
fumando, sentados
Deitada
atada-a-si.
O caimento dos ombros
a dobradura das pernas
a dor nos joelhos
Respiro lentamente
tragando o tabaco
e nada-mais-de-pé
só esses ventres silenciosos
desalinhados
e o vácuo desdém com o restante em que vazo
da boca
a fumaça
do útero
o sangue
(endométrio, o chamam)

Mafê Monteiro
15/04/09


segunda-feira, 13 de abril de 2009

CHOVEU, e a cidade parou em pire-paque, alagou às cinco da tarde a alma farta de uma cidade que dormia em movimento. tudo não pode ser em pontualidade e funcionamento. tudo não pode ser. pessoas molhavam seus pés acontecendo em águas. vendedores de guarda-chuvas, apareciam como sempre, brotando do chão, as dezenas, nas esquinas, pessoas e pessoas fora de seus comuns, emburradas, emburrecidas, assistindo o céu escorrer enquanto seus corpos embrutecidos pelo esquecimento paravam no tempo  de fim de tarde enquanto telhados molhavam o vasto concreto, protegidas, vastas de silêncio, gotejando olheiras sob as nuvens derretendo um escândalo a céu aberto:
pessoas chovidas no mesmo lugar.

Mafê Enchente
17/03/09

sábado, 11 de abril de 2009

RIR UMA RISADA E DEPOIS, o Riso

terminando de esvaziar cremosamente lenta como entender uma piada mal contada e rir uma risada retardada, inconvicta e podre de falsa.
para além vazia, recomeçar tranqüila latente a encher-me de riso, primeiro o sorriso que escapa da surpresa de algum entendimento, que acontece as quinze e vinte, entre um lugar e outro do meu dia.
o inesperado-já, deste modo, em riso de todas as mortes que tem me acontecido, assim, entre uma coisa e outra, a entender o novo(íssimo) da minha ordem de comungar o mundo em alegre espanto.
21/03/09

QUILOMETRAGEM

fixa.
vaidosa
fixidez
vaidade
eu meu eu
querido idiota
abandonando-me
latejando se selvas
um cordão umbilical
de fios magnéticos e ramagens
vazando leite de porco e ovo de vaca
esvaziamento
zunindo elefantes e suas penas de coitados
assim é meu sentimento de manga entre dentes
derretendo deus
e o Nada
quilômetros sem gritados
e lágrimas sem vexame
tudo ali
compondo no chão
esparramamento
eu
na quina do canto da parede rosa- não- rosa,
contemplando tímida
(ainda)
o escândalo em que me abandono
baixaria sem convicção
um bordel de objetos e espelhos mal olhados
um susto de quilômetros de gritos engasgados
na goela
roseiral
no fundo
despretendida e intencionada até no gesto
na voz
quilômetros de abelhas cuspindo fogo
cheirando a vento
misturando-se as plantas
verdes de pétalas
(chamuscadas)
insuspeitáveis na existência
lama


domingo, 15 de março de 2009

Simbolismoismo-O-Sim

não dou pauta enredo para miséria, se o fizesse, talvez louca de comer chinelos ficaria comendo chinelos aprendi essa com cecília-come-chinelos louca aprendi essa com gertrude stein aprendi essa como gertrude repetir, como a repetição, uma delícia, de chinelo.
insistir o material me é muito caro não abro mão toda ela inteira abro, caro, o material está para economia de energias materiais energias materiais da energia, diriam os materialistas espirituais chupadores de bala de ouro no peito pingente camafeu papai-mamãe, vovô-vovó, vovô-mamãe, papai-vovó. ó. que fiasco lambuzado de planta dos pés de árvores azedas das vidas materiais de a a m, n ópequeérreesseteuvexisze,com enredo como personagens alfabéticos silábicos material como material das letras blá blá blá. enredo blá, sem miséria como a miséria de a azê
uma delícia

12/03/09
Antropofagia Simbolista (ahahah)

Manifesto Idiota

Queridos idiotas, queridos mesmo, lamento a minha intolerância, ela evoluiu e não consigo aceitá-los sem ressalvas, todas elas. Perdoem a minha arrogância, já estou bem à vontade com ela, talvez ela me salve o ar de respirá-los sem perceber o tédio que lhes emana. a vida um bando de contas e objetos, as rotinas sem buliço, as caras esparramadas nos dias sem amor, apertados nos ônibus, parados no trânsito, oito horas por dia, os encontros expectativas de moldes e as alegrias de plástico. Quase nada lhes diz respeito. A vida alheia é degustada com esmero. A própria? Um lixo mal olhado, misturando restos com plástico plástico plástico sem respeito.
Não os inocento, assim como não me inocento, sem culpa. É assim, deixamos que façam o que querem acreditando no não crível, uma miséria de plástico sem respeito.
Queridos idiotas, queridos mesmo, o legitimo lhes escapa nas horas, a ordem lhes paralisa o caos. Perdoem a minha bagunça, é que ela é uma festa de maravilhamento, do meu acontecer, estou indo à vontade-difícil com ela, talvez ela me salve do cuspe que não lhes ofereço de imediato, mas com carinho, depois, conciso,
molhando-nos.
Não quero despertar-lhes o ódio, talvez o terror.
idiotas me dão preguiça no geral-coisa, mas de um modo muito particular os tenho como queridos, delicadamente assim, e não precisam me perdoar, se for do agrado, não os perdoo e me sou infinitamente grata por isso, queridos idiotas.

sábado, 7 de março de 2009

Crianças

-Tinha um morcego tão tão grande. aí ele desceu. TÃO tão tão.
-Tão tão?
-Tão tão de cabelo feio! E foi para de baixo da cama.
-Fazer o quê?
- Bagunça.
-Ah, pensei que fosse arrumar o cabelo.
-É? É!
Matheus Dois anos e Muitos Morcegos
Essa água é muito grande!
Cirso e sua muita sede.Quem é seu nome?
Ricardo e uma dúvida antes de começar o diálogo.Nanã... Não!
Cecília- um posicionamento muito claro.

Tia, você sabia que existe um lugar, tipo um espaço! Dentro do seu corpo que tem a OVA? Onde fica o neném que vai sair do seu corpo um dia, e uns peixinhos... fica tudo lá! Sabia?Lucas -Sete anos e uma curiosidade explicativa deliciosa!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ternura

digo
(quero dizer-te)
o quanto as fomes me invadem os óvulos
os temas
desses beijos vadios
liquefeitos como surra
nas sementes
piladas
brotando óleo de porra
nas palavras
estacato
te vi o fôlego.
ensurdecedor
deita-me sobre ti nascendo
como poema raiz
e no espanto
frutas esmagadas entre os sexos
silencia esparramando- nus
os gestos
os nervos

Grito Filtrado

passei o dia nascendo poeta
entendi o filtro do grito
meu parto mais seguro de feras e jejuns:
o verso
tiquetaqueando, nos segundos,
até
a linguagem explosiva
selva como podre de verde.
no meio
a maçaneta,
e do outro lado
lemas e enchentes
vazando rosas
como crianças
atrapalhando
o escorregador
que dá no fundo
do ônibus
que escuta os corpos
do dia morto lá
no baile do enterro
bancário de dados
como putas ou pernas abertas
bem de vagar
com a invasão do falo
bem baixinho para não ensurdecer
o grito
do filtro
da poeta
nascendo

domingo, 1 de março de 2009

(esse sotaque sem língua
do que não dizemos
cantando feito liquidificador
rasgando frutas molhadas
é ensurdecedor
mas poderia ser doce,
como beber o suco)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

deus Alegria.
sua flor está caindo da cabeça
tem problema não.
tem raiz.
nasce outra.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval

ai que merengue essa salsa.
bem no carnaval
só um confete bem largo mesmo
para cobrir a chuva
nos meus pedaços
mais
sem
carne
(os olhos)
(de dentro)

....................................................

é que aquele nêgo me suspende a respiração
e sai rebolando feito uma nêga
para lá
aí escrevo
feito contrariada
tomando água
sambando meio borocoxô
sem perder o hábito do resmungo poético
da próxima
saio eu
rebolando feito cinturas

...............................................................

ele parecia uma baiana
(ai que desgosto a ternura sem realidade)
dei-lhe o gosto de não repetir o causo
olhei para esquerda
ele parecia um leão em áries
galanteia sempre com bom humor de chapéu
sem perder a fera nas idéias.
aproveitei toda restrita
só consigo oferecer gestos
uma coitada eu
banguela
dei-lhe, então,
o gosto de uma boca
ele parecia belo cubano
belo
dei-lhe o gosto da minha duvida
retinta
frente ao belo escândalo da sua presença
cansou-me a cautela
cansou-lhe
a bela
ela
parecia um maracatu
folia sem
pé.
dei-me o gosto do azar:
des-quis-o
dei-lhe um beijo de mãozinha
ainda voou o som
ligar-te-ei
(não)

..................................................................

queria ficar lendo poesia
toda via tenho que sambar
queria continuar chacal
toda via
até pelo próprio poeta
ei de respeitar o carnaval
até
Eu Toda Arretada de Vida
voltar bem vadia
alguns supetões
uns três desgostos
sorrisos nos pés
cumprir versos
até
precisar
sambar
(para o resto da vida)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Descarnaval

caso
breves coisas rasas
no fundo dessa bacia
passadas na peneira
mais de dois tempos
insistirem
como a avenida paulista ás cinco
que parece com minha garagem
entulhada.
caso
vou desistir de desistir a cerveja
não por ser amanhã carnaval
não
de todas as maneiras
esses casos da peneira
tal qual gravatas enforcadas
sapatos pec pec das grandes ruas
são
quase sempre
estúpidas avenidas
nas garagens
buzinando
o luto da folia

19/02/09

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Maria Dez Ferrões
acordei três letras, não
lindamente negativa
uma abelha atrapalhando
meu pão na chapa
peguei um copo
maldosa
prendê-la
agonizá-la
uma luta dança
eu cantando
vem sua filha da puta cu de agulha
e ela
zumbindo
vou
sua pele é meu sexo, sua humana
ainda antes
na madrugada perguntaram
o que te motiva a acordar às cinco
hoje?
dinheiro.
ideologia?
enfeita
covardia?
acredito.
não quero metrô- percursos
encontros sérios
hoje
concluo o não
e se vierem
capturei uma coleção
dez,
uma para cada unha das mãos
com seus cus de agulha
e se vierem
hoje
com seu político-burocrático
sentimental dos amores falidos
leis
projetos sensacionais
Estado do Caralho
esquerda, direita
hoje
se vierem
insistentes
melodiosos
as suas peles
hão de ser meu sexo

COVIL das Facas.
dentro da pia havia duas facas e seis colheres, ando dada a colheres, a mexer cafés.
cortar? é perigoso, nesses dias ando habitada de meu covil
cobras atentas
leoas inquietas
extraterrestres manipuladores.
prostitutas aposentadas fazendo tricô
silenciosas
com os espíritos de seus filhos abortados
a brincar em seus entornos
no chão,
com os bichos e cordões umbilicais.
uma moça magra
pálida
com olhos de coruja
lendo algum maldito e comendo baratas
len-ta-men-te
todos conduzidos por um corsário e sua embarcação
de poetas ascetas e músicos sem letras
portanto
alienados convictos
bem intencionados do inferno
perguntas repetidas
gente cínica e sua corte
nem me venham
minha doçura é cítrica.
minha faca é de uma ironia estraçalhante
meio grossa de olhos explodidos
meio bufando
no cio
nem me venham.
não quero arrepender-me
depois
e pupilas de cebola.

08/02/09

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

banho de arnica e conversas sem política.
carinho, uma coceira atrás da orelha e parar de ser viciada em café e critica.
por ora, resolveria a taquicardia na poesia.

abro a boca
o desmantelo
é  tinto
O nariz vermelho de tinta
Um vestido azul, de borboleta.
A sandálias verdes nas mãos.
Os pés, no chão.
Uma flor de crochê, vermelha,
típica do meu cabelo.
Um peito de papel amassado.
Sorrisos despretendidos
Agulhas no olhar esgotando os desejos.
Ali, vestida de chuva
Exigi-me um começo.
Ali, de nariz vermelho de tinta e tudo.

16/02/09
uma saudade como faca de alambique assanhou o meu desejo, ali, de nariz vermelho de tinta.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cheflera é o nome da minha Cheflória.
Ao Mestre  Alexandre  Mate

obs: Arbusto vigoroso que facilmente chega ao porte de árvore, de folhas separadas em 8 folíolos, verdes e brilhantes.
(risos)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pitaya

Disparei aqueles dias a tentar um fim acabado de nós, por mim mesma. Subi a escada na captura de algum vestígio em que ainda pudesse destruir, por mim mesma, o habito de esperar-te. que não sinto ciúme, é inveja da tua pseudo-alegria e do meu inacabado mexer na cozinha, escrevendo comidas e cozinhando versos. que teu pseudo-gostar-me é um mamão aberto que esqueceram de comer, e vai tu, partindo mamões sem come-los, cada vez na tentativa sem de fato,digestão. Hoje, por esse sábado abri uma fruta linda, procurei na nota, pitaya, 380 gramas, cascuda por fora e rosa choque por dentro com diversas sementes pretas, pequenas, fazendo uma estampa p na doce consistência de um sensual comestível. Comprei um quilo de pitayas, para curar-me, do hábito, por mim mesma, de espera-los.
.07/02/09
Se minha boca não explodisse na voz, gritaria eu inteira, mais que toda, o conteúdo nuclear de cada lágrima. Por isso choramos, é mais resumido que o diálogo, que o berro, que a morte, que os tigres e as cebolas. A lágrima é o próprio verso molhado, economizando o cheio ocupando de vazio.
à Julia.
03/02/09

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Cebola.

a cebola é uma esfera de lágrimas para ser comida.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

O CURIOSO VERDE

á vila de Trindade - RJ 
e seu subjetivo imponderável.

Daquele lugar extraio algum vicio imponderável, imoderável. Já foi passou, não é o mesmo - outro, mas sempre volto como uma sacerdotisa – cadela a entrar no cio espiritual do espanto.
O gole verde do mar e eu lá pedra-mata, entre as águas frias cantando seu despejo-oxum, indo descalça-terra, eu e ela, no silencio frio-verde do caminho á cachoeira.
À noite, eu – despacho, controlo o arrepio lá, na praia do meio, uma concentração excêntrica, o sensual, opostos circulantes, o espiritual vivo vibrando na base da coluna, tomo água, sempre tomo água, suspendo o álcool, ma afasto, oro sei lás. Acho que penso que oro, não sei o que, que intuo necessário, um gramelo intuitivo um poupo urru sincrético.
Não credito mais em deus.
Está tudo bem, volto, danço, converso: bicho-grilo, pescador, turista, barqueiros, proprietários, argentinos (muitos), drogados de tudo, paulistanos de férias, artistas, analfabetos, estudantes japoneses distribuindo cantadas sinceras, A Maresia, jornalista, velhos gordos, cervejas, jovens imitando Bob Marley, manicure, um anão no vocal dizendo purifica (imitando Bob também), um sax no fundo (excelente), Patis and Boys, catuabas, meu colar vermelho, mestre de obra, pedreiros, artesãos, garçons, fofocas, veterinária, monstros, eletricistas que acreditam em deus, vagabundos e doceiras, O Mar no fundo, micróbios, crianças, cariocas e mineiros de férias, artesão argentinos (muitos), mercenários, o cinquentão anarquista, um moço negro atrás do balcão que eu jantaria com vinho tinto ( finge que não vê a minha fome cinco anos), músicos residentes, funcionários públicos de férias, meninas oferecidas e meninos desesperados. vendedores de droga, professoras, professores, ex- presidiários, uma menina grávida, A dança, homens casados, poetas, mulheres que não bebem e subversivos por excelência comprovada, simples assim, o análogo humano á mata atlântica circundante.
No dia seguinte, o boletim de ocorrência nas bocas todas, elas divertidas, elas pervertidas, elas corroídas cantadas a suspiros.
Purifica?
na catarse dessa orgia do encontro.
Sempre volto por esse motivo plural.
Nem sempre a mesma curiosa.
30/01/09

*CURIOSA, signo, escorpião, ascendente aquário, lua em câncer, vênus em sargitário e marte em leão. Na cultura ayurvédica, elementos Ar e Fogo, professora de criancinhas, atriz - aprendiz, desenho por supetão, comidas apimentadas e remédios fitoterápicos/homeopáticos, egocêntrica disfarçada, música para o corpo e livros no suporte, desconcentrada em tratamento, vinho na taça, apaixonada sem opção, viciada nos detalhes e imprevistos do cotidiano,
e, para mediar esse breviário, no maravilhamento do espontâneo, seja ele de qualquer natureza,
POETA.

O CRIADO-FALANTE E AS POETAS

sábado de janeiro pela manhã
acordei lenta como nunca soube
meu jarro de livros no criado-mudo
gritava
desordem da gula literária
acordei
diminui no truque
dois lidos, guardei
três pela metade, suspirei.
os inéditos, adiei.
os necessários teóricos,
ponderei
o fino, amanhã em uma tacada
e o grosso homeopaticamente
na semana, intercalo com poesia
(ah, as poesias)
desci para uns goles de café com três poetas
Maria, Alice e Ana Cristina
belo encontro de quatro
perdi-me fatalmente naquela febre
que ataca, viva
a linguagem acontecendo
despudoradamente
o corpo


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DESPERTE-SER -ME

o despertencer
graças a meus silêncios de chupar chocolate derretendo
boca ocupada  de açúcar refletindo cacau
vem assim de uma vez, no vagar,
a chuva na praia molha a canga,
todo mundo corre para algum coberto
só se for de mar
o mar que faz conta de pouca onda
o horizonte, enganando moços em suas pranchas
açaí eu banana tal união de corpo
Eduardo Galeano e algum intuitivo
descalei inteireza
simultaneamente
tudo de cada vez
despertencer por inteiro
detentora
do cada vez.


20/01/09
Ubatuba - Lagoinha

Acabei de ouvir um trovão tão comprido que se fosse outra coisa, como uma grande onda do mar devastando a praia da Lagoinha, não me assustaria.
Depois de ler Guimarães Rosa e seu cavalo que bebia cerveja, fiquei desvirada, a própria prosa poética em caldo pela casa, uma linguagem viva me afeta o núcleo dos miolos-bomba, sinto no corpo a febre. Fiquei tentada pernilongo mosquito pica gente beber incenso de sândalo branco com baygon, e eu, e meus pelos em uma tentativa de crescimento em plena praia de gente tomadora de sol com água salgada, da sola do pé a aura cósmica do verão,
um charme só. Menos eu.
Bicho Grilo Lincolm parou para mostrar seus trabalhos de Semente –Enfeita-Gente-Se-deusquiser-Ainda-Viro-Indio, só sem essa de Bio - Jóia , é Semente mesmo bicho!
Matheus de amor redundante, diz, te amo tia, tendeu? Amo. E Eu de história fiada infantil, era uma vez, era não, é uma vez, um reino engraçado fedido a bosta de cavalo, o rei era um cavalo, a rainha uma égua, o príncipe, um potro ( é isso?) e o povo?
 uns jumentos! ( GRITOU meu irmão cagando do banheiro). Até as crianças riram.
Ai fui baralho chuva yoga lentilha tudo de férias, até chegar aqui, a um relato da coisa e tal.
Ubatuba - Lagoinha
14/01/09

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Lucas descobriu um livro de poesia nas minhas coisas, então, inventamos uma brincadeira passa tempo de férias. Um lia uma poesia enquanto o outro de olhos fechados deixava as imagens acontecerem, segundo ele, “os desenhos vem vindo assim e desaparecem dentro da minha cabeça”, depois de algum tempo de leituras e relatos do imaginado, achando justo, peguei meu caderno e li algo de meus escritos,
aí deu assim:

Por mim:

Festo-me.
Festo-te
Aí então é
crise econômica
mundial
uirapuru no bordel
baile
na casa
amarela
esculpida
pronta
para festarmo-nos
no longo das horas
20/12/08

Por Lucas, e sua imaginação dentro da sua cabeça:

Tinha uma grande festa, ai a casa caiu destruída, ai veio o dono do banco e deu dinheiro, ai apareceu, construiu, uma casa grande, amarela, com outra festa e um relógio grande que girava muito rápido.
01/2009
Ubatuba

Não havia tv, rádio, brinquedos prontos e nem qualquer outro escambau, então o então era de outra ordem. Conversar, ir a praia, conversar, inventar uma minicidade de colchões com os nove colchões, tapando todo o chão da sala, incluindo um lugar da música, com os copos de vidro e peças de metal da cozinhas, para fazer sons diferentes com as colheres e, conversar, enquanto o Matheus dava voltas em volta da casa, pelado e com uma mochila nas costas, dizendo que já voltava. Imitar bichos pulando na minicidade de colchões e, conversar, Matheus me explicando que não gosta da Tia Fernanda-Onça só da Tia Fernanda-Gato. Tendeu tia?
Ainda lia para eles, trechos, de contos de Guimarães Rosa, e eles riam não sei de que (pensava eu), do cavalo que bebia cerveja, do homem que vivia na canoa triste ou talvez da inteligência de uma linguagem que se permite brincar, penso eu.
Lucas tem 7 anos e é de Touro e Matheus, 2 anos, de Leão!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Maria Nectarina

ainda morro de paixão.
acordei assim, café preto com pão na chapa e cazuza
aí fui esfregar a casa, vassoura e pano em um delito de quase lágrimas
um sorriso estalado, aceso,
descontrolado necessário e misterioso como farol de carro em estrada de terra a meia noite
sentei.
comi uma nectarina em ato antropofágico
eu e a nectarina – fêmea
devorando-se
uma era a outra
quis diluir-me em fruta doce
(ainda morro de paixão)
o tempo anda sensual
e anunciarão assim:
Maria Nectarina confundiu se com a própria fruta
e morreu doce,com um sorriso estalado
aceso e descontrolado
07/01/08

Declaração Continuada

assumo toda e qualquer indisciplina de caso pensado com a paixão pública
de se fazer imediata, instante do instante
dama despenteada  em secreto silencio,  no exercício do som
o som sagrado do impudor como um giro em plena dança de tambor!
27 de dezembro de 2008 e 07 de janeiro de 2009