ai chorava, perguntavam do café, chorava, se tava tudo bem, chorava, se tinha saído de lá, ai, aí chorava, secava os olhos quase quase, sem razão, por que chora? ai chorava, o que ia fazer na sexta, chorava, sorriu tão tão espontaneamente, chorava o trecho Ana Cristina César , quase ria Arnaldo Antunes, quase, choramingava, secava o quase molhado disfarçadamente comendo o tempo no relógio que não passava, um choro, não o dela, não, outro choro da criança que ela chorava, disse amo, sim ama, quase quase chorou e riu meio atrapalhada da própria sensação, tudo absolutamente úmido de dentro para fora, cuspia pelos olhos o que nem sabia, chorava o pão, o óculos quebrado, a chave enguiçada da porta, a luz meio amarela do corredor, o cheiro do amaciante o jeito atrapalhado das crianças de contar episódios fragmentados tão completos na verdade discursiva, que chorava, vinte minutos de espera, o calor no vidro do ônibus a falta de troco do cobrador, não, não fica assim jururu, que cê tem? tenho jururu seu cu, jaburu, queria responder assim, não conseguia tamanha a falsidade, ai, aí chorava disfarçada de sensível. ah não fica assim assim como jaburu? admito a tristeza sim, chorava alegre a dor-sem-nome vazava, deixava-se a cada vai chover sem guarda-chuva molhar bolsa, livro, pés, fim do dia café na cama,
chorava,
dormiu encharcada.
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