terça-feira, 23 de dezembro de 2008

o maior saco cheio de maria.

não repetir as mesmas palavras
as mesmas palavras a mesmas palavras as mesmas
as mesmas reclamações-não
o mesmo comentário sobre o tempo
a mesma pergunta lisa
tudo bem?
não. não tecer os mesmos desejos enxovalhados
os mesmos desamores
mesmos caras
não. não ter os mesmos medos
renovar os medos
enxotar qualquer mesmice canalha
qualquer reclamação de samba cheio
ressaca de não diversão
cansaços
o mesmo cansaço de sempre
da mente turbilhonada
concentrar -concentração
não. não são conclusões de fim de ano
é o maior saco cheio
batido no liquidificador dalgum titã
que explodiu na velocidade máxima
da lâmina giratória
de cabeça para baixo
é o saco espatifado
sem volta
é maria sem saco
bastou?
nenhuma tolerância
banguela
bastou?
não
ainda falta descobrir quem é esse alfaiate filho da puta 
costura sacos para as pessoas agüentarem
depois de matá-lo duas vezes
o ressuscito com um terceiro beijo
vai seu filho de todas as putas
ser poeta de boteco sujo
assim
salva mais almas
bastou?
ainda falta perder o medo da panela de pressão
ai bastou

sábado, 20 de dezembro de 2008

uma tristeza prolongada por trás dos meus olhos no espelho




(fui ler Pedro Juan Gutiérrez, esse cubano sem vergonhas, tira a tristeza do fundo do olhar da alma do útero de qualquer dama qualificada a ilha, por ora, por não conseguir outra coisa. depois, vi a tristeza aproximada, prolongar-se, discreta feito um escândalo, por não conseguir outra coisa. por ora)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

TUDO QUE VI

Vi uma mulçumana comendo bolacha recheada na rua 25 de março, linda, maquiada e a bolacha de chocolate com uma carinha feliz desenhada.
No TRE, Tribunal Regional Eleitoral, na fila, ele disse oi, ela, oi, ele, casou?, ela, casei, ele, casou! nossa!
distrai-me.
voltei.
ela, uma folga por semana, ele, ah, eu também.
no ônibus, o calor, o transito, a mulher reclamava, e eu disse, é que o mundo já explodiu e a gente nem sabe, ela, é o quê? , eu, o mundo. explodiu. ela, ah, as compras né?, eu, não, é o mundo mesmo, ela, ah. eu, estamos mortos, ela, eu to só indo atrás de uma assistência técnica em pinheiros, eu sorri
Homens conversavam enquanto comiam na praça de alimentação do shopping,
-que dia da semana é o natal?
-não sei.
comem
-dia 28 estarei em Araçu
-dia 30 tenho que estar lá, aniversário do Diego.
comem
-ah, e da helena também.
-as crianças tão acostumadas a viajar né?
comem
-sim. só que.
-só o básico né? o xixi.
comem
- temos que pegar um feriado e ir pro rancho do meu irmão
-ah, é uma delicia.
comem
-o segredo é cansar as crianças, brincar até meia noite.
-temos que marcar já, deixar marcado para não ter como escapar
comem
saio
vi um sabonete liquido de mel com limão
quase comprei.
o homem tentava cantar no ônibus após muitos minutos de av. rebolças “Goiabada Cascão Goiabada Cascão”
desci do ônibus respirei um ar av. paulista iluminada, corri para casa ler manoel de barros, é que, de repente
me vi pretendida a árvore sem bolinhas

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

cai de mim no chão

cai, fiquei esperando alguém me segurar e cai
para mim a noite acabou ali, eu no chão
fiquei sem reação uns segundos suficientes
para o universo gritar nos meus ouvidos
para! noite sem pé
boca de vento sem raiz
coração desgrenhado cheio de mato 

selvagem
você dança o encontro
mas cospe no beijo
que sujeira é essa na sua fé?
vai vadiar de verdade!
23/05/08


CAI a uns trinta centímetros dos meus pés

vi raiz sem chão


(minha saia rasgou. cai.
a cabeça doeu do couro
ao queixo.
perdi o celular e a memória.
desaproveitei a festa.
cuspi na noite)
27/05/08

Observações Apuradas de Carol Splendore

Nossa, como se relacionar esta difícil, mais difícil que emprego!
E, se bobear, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma.
É caivel bem.
Bem caivel.

Salve Carol!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

SORRISO-JAZZ

domingo de massa fresca, manjericão, tomate e pêra, receita de rodolfo.
aqueles causos de amor contados as gargalhadas amigas.
vinho.
tem algum, sei lá, mudou diferente.
sim, alguns fins de suma importância
(sem fim)
do fim,
que participam desse estado que não me reconheço
mas deixo invadir:
descabelei-me
coloquei uma flor na cabeça.
o sorriso já estava lá,
UM SORRISO-JAZZ
blusa de crochê
preta
saia vermelha
um andar solto que até parecia dança inusitada
Fui me caminhar
com mercedes sosa na memória de todo cambia,
voltei para casa mesmo foi toda jazz
sorrindo um não sei o que de tudo muda
colocando nomes na boca do sapo, depois,
algumas lágrimas estranhas
elas, sorriam escorrendo
no meu rosto lavado jazz
acabou assim:
já que gnomos não existem
mas deus sim
fiz uma prece para o geral- coisa
de estamira a stela do patrocínio,
que aja maria toda samba-dias-jazz
que “meu amor não se atrase na volta não”
mas se atrasar
que vá batucar cantigas de ninar as formigas de neverland.
“Jogo-lhe um quebrante, num instante você vira sapo,
bobeou na crença, príncipe, volta ao seu posto de lenda”.
ainda pedi a nossa senhora hilda hilst
algum desentendimento
necessário
acabou assim:
eu-jazz-samba, maria de lágrimas sorridentes.
e fim
com todos o fins
01/12/08
Adoro aquela baqueta que parece um espanador de pó. Sabe?
Faz um som bonito né?
Eu acho.
ps: as aspas são trecho das músicas 10 CONTADOS e LENDA, da Céu.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vanguarda Escorpiana

a trupe
lia
bruno
thais
escorpianos
eu,
escorpiana
quatro
escorpianos
sábado:
samba
jazz
samba
festinha
lá na
casa de
alguém,
na lapa.
trupeintensa.
ai o amor
aí as conversas
thais lutou
com dois
assaltantes
lia se apaixonou.
bruno não lembra
(de nada)
e eu, pasma
com o
arquiteto
sincero
tem namorada

disse
banda ao vivo
catuaba
dj depois
festa descolada
tem tapioca
eram duas
e a gente ó
ou saia dali
ou ia para casa
o jazz
tinha acabado
taxi?
pompéia
ou lapa?
vila madalena
pinheiros
consolação
estávamos
entregues
as nossas
próprias
camas
sem crise
adorei
essa
trupe
axé
outro
sábado,
ou terça?