quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ai chorava, perguntavam do café, chorava, se tava tudo bem, chorava, se tinha saído de lá, ai, aí chorava, secava os olhos quase quase, sem razão, por que chora? ai chorava, o que ia fazer na sexta, chorava, sorriu tão tão espontaneamente, chorava o trecho Ana Cristina César , quase ria Arnaldo Antunes, quase, choramingava, secava o quase molhado disfarçadamente comendo o tempo no relógio que não passava, um choro, não o dela, não, outro choro da criança que ela chorava, disse amo, sim ama, quase quase chorou e riu meio atrapalhada da própria sensação, tudo absolutamente úmido de dentro para fora, cuspia pelos olhos o que nem sabia, chorava o pão, o óculos quebrado, a chave enguiçada da porta, a luz meio amarela do corredor, o cheiro do amaciante o jeito atrapalhado das crianças de contar episódios fragmentados tão completos na verdade discursiva, que chorava, vinte minutos de espera, o calor no vidro do ônibus a falta de troco do cobrador, não, não fica assim jururu, que cê tem? tenho jururu seu cu, jaburu, queria responder assim, não conseguia tamanha a falsidade, ai, aí chorava disfarçada de sensível. ah não fica assim assim como jaburu? admito a tristeza sim, chorava alegre a dor-sem-nome vazava, deixava-se a cada vai chover sem guarda-chuva molhar bolsa, livro, pés, fim do dia café na cama,
chorava,
dormiu encharcada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

falando o rabiscado
falano rabichicado
o falão bixificado
facão fincado
ação fígado
figa
ga
do
do
(boldo nele)
ontem
travei os costas
dando risada o que falar
inexplicável
hoje
eu cultivo as costas
maldizendo musculutura:
eu só ria
(arnica nela)
credo
nem pensar