sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

deus Alegria.
sua flor está caindo da cabeça
tem problema não.
tem raiz.
nasce outra.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval

ai que merengue essa salsa.
bem no carnaval
só um confete bem largo mesmo
para cobrir a chuva
nos meus pedaços
mais
sem
carne
(os olhos)
(de dentro)

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é que aquele nêgo me suspende a respiração
e sai rebolando feito uma nêga
para lá
aí escrevo
feito contrariada
tomando água
sambando meio borocoxô
sem perder o hábito do resmungo poético
da próxima
saio eu
rebolando feito cinturas

...............................................................

ele parecia uma baiana
(ai que desgosto a ternura sem realidade)
dei-lhe o gosto de não repetir o causo
olhei para esquerda
ele parecia um leão em áries
galanteia sempre com bom humor de chapéu
sem perder a fera nas idéias.
aproveitei toda restrita
só consigo oferecer gestos
uma coitada eu
banguela
dei-lhe, então,
o gosto de uma boca
ele parecia belo cubano
belo
dei-lhe o gosto da minha duvida
retinta
frente ao belo escândalo da sua presença
cansou-me a cautela
cansou-lhe
a bela
ela
parecia um maracatu
folia sem
pé.
dei-me o gosto do azar:
des-quis-o
dei-lhe um beijo de mãozinha
ainda voou o som
ligar-te-ei
(não)

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queria ficar lendo poesia
toda via tenho que sambar
queria continuar chacal
toda via
até pelo próprio poeta
ei de respeitar o carnaval
até
Eu Toda Arretada de Vida
voltar bem vadia
alguns supetões
uns três desgostos
sorrisos nos pés
cumprir versos
até
precisar
sambar
(para o resto da vida)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Descarnaval

caso
breves coisas rasas
no fundo dessa bacia
passadas na peneira
mais de dois tempos
insistirem
como a avenida paulista ás cinco
que parece com minha garagem
entulhada.
caso
vou desistir de desistir a cerveja
não por ser amanhã carnaval
não
de todas as maneiras
esses casos da peneira
tal qual gravatas enforcadas
sapatos pec pec das grandes ruas
são
quase sempre
estúpidas avenidas
nas garagens
buzinando
o luto da folia

19/02/09

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Maria Dez Ferrões
acordei três letras, não
lindamente negativa
uma abelha atrapalhando
meu pão na chapa
peguei um copo
maldosa
prendê-la
agonizá-la
uma luta dança
eu cantando
vem sua filha da puta cu de agulha
e ela
zumbindo
vou
sua pele é meu sexo, sua humana
ainda antes
na madrugada perguntaram
o que te motiva a acordar às cinco
hoje?
dinheiro.
ideologia?
enfeita
covardia?
acredito.
não quero metrô- percursos
encontros sérios
hoje
concluo o não
e se vierem
capturei uma coleção
dez,
uma para cada unha das mãos
com seus cus de agulha
e se vierem
hoje
com seu político-burocrático
sentimental dos amores falidos
leis
projetos sensacionais
Estado do Caralho
esquerda, direita
hoje
se vierem
insistentes
melodiosos
as suas peles
hão de ser meu sexo

COVIL das Facas.
dentro da pia havia duas facas e seis colheres, ando dada a colheres, a mexer cafés.
cortar? é perigoso, nesses dias ando habitada de meu covil
cobras atentas
leoas inquietas
extraterrestres manipuladores.
prostitutas aposentadas fazendo tricô
silenciosas
com os espíritos de seus filhos abortados
a brincar em seus entornos
no chão,
com os bichos e cordões umbilicais.
uma moça magra
pálida
com olhos de coruja
lendo algum maldito e comendo baratas
len-ta-men-te
todos conduzidos por um corsário e sua embarcação
de poetas ascetas e músicos sem letras
portanto
alienados convictos
bem intencionados do inferno
perguntas repetidas
gente cínica e sua corte
nem me venham
minha doçura é cítrica.
minha faca é de uma ironia estraçalhante
meio grossa de olhos explodidos
meio bufando
no cio
nem me venham.
não quero arrepender-me
depois
e pupilas de cebola.

08/02/09

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

banho de arnica e conversas sem política.
carinho, uma coceira atrás da orelha e parar de ser viciada em café e critica.
por ora, resolveria a taquicardia na poesia.

abro a boca
o desmantelo
é  tinto
O nariz vermelho de tinta
Um vestido azul, de borboleta.
A sandálias verdes nas mãos.
Os pés, no chão.
Uma flor de crochê, vermelha,
típica do meu cabelo.
Um peito de papel amassado.
Sorrisos despretendidos
Agulhas no olhar esgotando os desejos.
Ali, vestida de chuva
Exigi-me um começo.
Ali, de nariz vermelho de tinta e tudo.

16/02/09
uma saudade como faca de alambique assanhou o meu desejo, ali, de nariz vermelho de tinta.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cheflera é o nome da minha Cheflória.
Ao Mestre  Alexandre  Mate

obs: Arbusto vigoroso que facilmente chega ao porte de árvore, de folhas separadas em 8 folíolos, verdes e brilhantes.
(risos)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pitaya

Disparei aqueles dias a tentar um fim acabado de nós, por mim mesma. Subi a escada na captura de algum vestígio em que ainda pudesse destruir, por mim mesma, o habito de esperar-te. que não sinto ciúme, é inveja da tua pseudo-alegria e do meu inacabado mexer na cozinha, escrevendo comidas e cozinhando versos. que teu pseudo-gostar-me é um mamão aberto que esqueceram de comer, e vai tu, partindo mamões sem come-los, cada vez na tentativa sem de fato,digestão. Hoje, por esse sábado abri uma fruta linda, procurei na nota, pitaya, 380 gramas, cascuda por fora e rosa choque por dentro com diversas sementes pretas, pequenas, fazendo uma estampa p na doce consistência de um sensual comestível. Comprei um quilo de pitayas, para curar-me, do hábito, por mim mesma, de espera-los.
.07/02/09
Se minha boca não explodisse na voz, gritaria eu inteira, mais que toda, o conteúdo nuclear de cada lágrima. Por isso choramos, é mais resumido que o diálogo, que o berro, que a morte, que os tigres e as cebolas. A lágrima é o próprio verso molhado, economizando o cheio ocupando de vazio.
à Julia.
03/02/09

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Cebola.

a cebola é uma esfera de lágrimas para ser comida.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

O CURIOSO VERDE

á vila de Trindade - RJ 
e seu subjetivo imponderável.

Daquele lugar extraio algum vicio imponderável, imoderável. Já foi passou, não é o mesmo - outro, mas sempre volto como uma sacerdotisa – cadela a entrar no cio espiritual do espanto.
O gole verde do mar e eu lá pedra-mata, entre as águas frias cantando seu despejo-oxum, indo descalça-terra, eu e ela, no silencio frio-verde do caminho á cachoeira.
À noite, eu – despacho, controlo o arrepio lá, na praia do meio, uma concentração excêntrica, o sensual, opostos circulantes, o espiritual vivo vibrando na base da coluna, tomo água, sempre tomo água, suspendo o álcool, ma afasto, oro sei lás. Acho que penso que oro, não sei o que, que intuo necessário, um gramelo intuitivo um poupo urru sincrético.
Não credito mais em deus.
Está tudo bem, volto, danço, converso: bicho-grilo, pescador, turista, barqueiros, proprietários, argentinos (muitos), drogados de tudo, paulistanos de férias, artistas, analfabetos, estudantes japoneses distribuindo cantadas sinceras, A Maresia, jornalista, velhos gordos, cervejas, jovens imitando Bob Marley, manicure, um anão no vocal dizendo purifica (imitando Bob também), um sax no fundo (excelente), Patis and Boys, catuabas, meu colar vermelho, mestre de obra, pedreiros, artesãos, garçons, fofocas, veterinária, monstros, eletricistas que acreditam em deus, vagabundos e doceiras, O Mar no fundo, micróbios, crianças, cariocas e mineiros de férias, artesão argentinos (muitos), mercenários, o cinquentão anarquista, um moço negro atrás do balcão que eu jantaria com vinho tinto ( finge que não vê a minha fome cinco anos), músicos residentes, funcionários públicos de férias, meninas oferecidas e meninos desesperados. vendedores de droga, professoras, professores, ex- presidiários, uma menina grávida, A dança, homens casados, poetas, mulheres que não bebem e subversivos por excelência comprovada, simples assim, o análogo humano á mata atlântica circundante.
No dia seguinte, o boletim de ocorrência nas bocas todas, elas divertidas, elas pervertidas, elas corroídas cantadas a suspiros.
Purifica?
na catarse dessa orgia do encontro.
Sempre volto por esse motivo plural.
Nem sempre a mesma curiosa.
30/01/09

*CURIOSA, signo, escorpião, ascendente aquário, lua em câncer, vênus em sargitário e marte em leão. Na cultura ayurvédica, elementos Ar e Fogo, professora de criancinhas, atriz - aprendiz, desenho por supetão, comidas apimentadas e remédios fitoterápicos/homeopáticos, egocêntrica disfarçada, música para o corpo e livros no suporte, desconcentrada em tratamento, vinho na taça, apaixonada sem opção, viciada nos detalhes e imprevistos do cotidiano,
e, para mediar esse breviário, no maravilhamento do espontâneo, seja ele de qualquer natureza,
POETA.

O CRIADO-FALANTE E AS POETAS

sábado de janeiro pela manhã
acordei lenta como nunca soube
meu jarro de livros no criado-mudo
gritava
desordem da gula literária
acordei
diminui no truque
dois lidos, guardei
três pela metade, suspirei.
os inéditos, adiei.
os necessários teóricos,
ponderei
o fino, amanhã em uma tacada
e o grosso homeopaticamente
na semana, intercalo com poesia
(ah, as poesias)
desci para uns goles de café com três poetas
Maria, Alice e Ana Cristina
belo encontro de quatro
perdi-me fatalmente naquela febre
que ataca, viva
a linguagem acontecendo
despudoradamente
o corpo