sexta-feira, 10 de setembro de 2010

COMO as digitais nas contas de calçada em calçada
nunca atravesso a rua na faixa de pedestre
não fico menos de três horas e meia no ônibus
no percurso
no trajeto
nesse caralho
cumprindo cidadã
funcionária
estudante
: passo pano lavo louça cuspo na pia
(a borboleta morta vem arrastada pelo vento, por baixo da porta, estaciona no meu pé
a carcaça leve
ainda VOA)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

nos pés 
calço o chão

sábado, 8 de maio de 2010

petrificada a garrafa sobre a mesa de consistência verde derrama o café de vigilância, amargo
(me disseram que estou sem vida, não vibro)
de gole em dentro a cabeça e sua dor sorriem
(discordo)
as mãos deslizam dançantes sobre os cabelos arrancando a chuva alheia
(estou apenas em leve repouso do meu cansaço)
essas palavras, as outras, ressoaram em quietude retumbante como mastigadas sem açúcar
(essa conversa me diz respeito sem gravidade alguma, é calma)
o resfolegar da cadeira que contém meu corpo emite o ritmo
(tenho apenas duvidas ancestrais que por ora me ridicularizam sem piedade)
o resfolegar do sofá que contém o outro corpo prepara seu canhão esquecido, outro ritmo
(disse que se preocupa comigo. acredito.)
arrancou do corpo o corpo de uma solidão incrustada a bolero
(que estou sem brilho. não vibro.) c
antando o outro regirou em si, tédios.
(ouvi)
(suas dúvidas preparam-se para esconder-se em corpos)
(outros)
como se compreendendo acatei cada dito de ladainha sobre a mesa entre corpos
(o que você tem , baby, são duvidas ancestrais que te ridicularizam sem piedade, os outros)
subi as escadas afundando cada degrau alguns metros
( sem mim)
se eu cortar os cabelos ou pintar as paredes ou jogarem temperos no lixo, por mim, salvo a superfície das coisas, as duvidas continuarão renovadas em seu frescor de consistência viva.
(então, terei de recortar os cabelos repintar as paredes e rejogarem os temperos, por mim)
 no limite, discordo
(sim, vibro como na medida)
(de cada duvida)
(o suficiente)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

burocracias me chateiam o sorriso: atraso tudo,
até os dentes

sábado, 13 de fevereiro de 2010

foi por esse tempo de agora que as paisagens me engoliram o fôlego
emudeço
(de poesia)
(vivo pelos olhos)

Moreré-BA
2010