o despertencer
graças a meus silêncios de chupar chocolate derretendo
boca ocupada de açúcar refletindo cacau
vem assim de uma vez, no vagar,
a chuva na praia molha a canga,
todo mundo corre para algum coberto
só se for de mar
o mar que faz conta de pouca onda
o horizonte, enganando moços em suas pranchas
açaí eu banana tal união de corpo
Eduardo Galeano e algum intuitivo
descalei inteireza
simultaneamente
tudo de cada vez
despertencer por inteiro
detentora
do cada vez.
20/01/09
Ubatuba - Lagoinha
Acabei de ouvir um trovão tão comprido que se fosse outra coisa, como uma grande onda do mar devastando a praia da Lagoinha, não me assustaria.
Depois de ler Guimarães Rosa e seu cavalo que bebia cerveja, fiquei desvirada, a própria prosa poética em caldo pela casa, uma linguagem viva me afeta o núcleo dos miolos-bomba, sinto no corpo a febre. Fiquei tentada pernilongo mosquito pica gente beber incenso de sândalo branco com baygon, e eu, e meus pelos em uma tentativa de crescimento em plena praia de gente tomadora de sol com água salgada, da sola do pé a aura cósmica do verão,
um charme só. Menos eu.
Bicho Grilo Lincolm parou para mostrar seus trabalhos de Semente –Enfeita-Gente-Se-deusquiser-Ainda-Viro-Indio, só sem essa de Bio - Jóia , é Semente mesmo bicho!
Matheus de amor redundante, diz, te amo tia, tendeu? Amo. E Eu de história fiada infantil, era uma vez, era não, é uma vez, um reino engraçado fedido a bosta de cavalo, o rei era um cavalo, a rainha uma égua, o príncipe, um potro ( é isso?) e o povo?
uns jumentos! ( GRITOU meu irmão cagando do banheiro). Até as crianças riram.
Ai fui baralho chuva yoga lentilha tudo de férias, até chegar aqui, a um relato da coisa e tal.
Ubatuba - Lagoinha
14/01/09
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Lucas descobriu um livro de poesia nas minhas coisas, então, inventamos uma brincadeira passa tempo de férias. Um lia uma poesia enquanto o outro de olhos fechados deixava as imagens acontecerem, segundo ele, “os desenhos vem vindo assim e desaparecem dentro da minha cabeça”, depois de algum tempo de leituras e relatos do imaginado, achando justo, peguei meu caderno e li algo de meus escritos,
aí deu assim:
Por mim:
Festo-me.
Festo-te
Aí então é
crise econômica
mundial
uirapuru no bordel
baile
na casa
amarela
esculpida
pronta
para festarmo-nos
no longo das horas
20/12/08
Por Lucas, e sua imaginação dentro da sua cabeça:
Tinha uma grande festa, ai a casa caiu destruída, ai veio o dono do banco e deu dinheiro, ai apareceu, construiu, uma casa grande, amarela, com outra festa e um relógio grande que girava muito rápido.
01/2009
Ubatuba
Não havia tv, rádio, brinquedos prontos e nem qualquer outro escambau, então o então era de outra ordem. Conversar, ir a praia, conversar, inventar uma minicidade de colchões com os nove colchões, tapando todo o chão da sala, incluindo um lugar da música, com os copos de vidro e peças de metal da cozinhas, para fazer sons diferentes com as colheres e, conversar, enquanto o Matheus dava voltas em volta da casa, pelado e com uma mochila nas costas, dizendo que já voltava. Imitar bichos pulando na minicidade de colchões e, conversar, Matheus me explicando que não gosta da Tia Fernanda-Onça só da Tia Fernanda-Gato. Tendeu tia?
Ainda lia para eles, trechos, de contos de Guimarães Rosa, e eles riam não sei de que (pensava eu), do cavalo que bebia cerveja, do homem que vivia na canoa triste ou talvez da inteligência de uma linguagem que se permite brincar, penso eu.
Lucas tem 7 anos e é de Touro e Matheus, 2 anos, de Leão!
sábado, 10 de janeiro de 2009
Maria Nectarina
ainda morro de paixão.
acordei assim, café preto com pão na chapa e cazuza
aí fui esfregar a casa, vassoura e pano em um delito de quase lágrimas
um sorriso estalado, aceso,
descontrolado necessário e misterioso como farol de carro em estrada de terra a meia noite
sentei.
comi uma nectarina em ato antropofágico
eu e a nectarina – fêmea
devorando-se
uma era a outra
quis diluir-me em fruta doce
(ainda morro de paixão)
o tempo anda sensual
e anunciarão assim:
Maria Nectarina confundiu se com a própria fruta
e morreu doce,com um sorriso estalado
aceso e descontrolado
07/01/08
acordei assim, café preto com pão na chapa e cazuza
aí fui esfregar a casa, vassoura e pano em um delito de quase lágrimas
um sorriso estalado, aceso,
descontrolado necessário e misterioso como farol de carro em estrada de terra a meia noite
sentei.
comi uma nectarina em ato antropofágico
eu e a nectarina – fêmea
devorando-se
uma era a outra
quis diluir-me em fruta doce
(ainda morro de paixão)
o tempo anda sensual
e anunciarão assim:
Maria Nectarina confundiu se com a própria fruta
e morreu doce,com um sorriso estalado
aceso e descontrolado
07/01/08
Declaração Continuada
assumo toda e qualquer indisciplina de caso pensado com a paixão pública
de se fazer imediata, instante do instante
dama despenteada em secreto silencio, no exercício do som
o som sagrado do impudor como um giro em plena dança de tambor!
27 de dezembro de 2008 e 07 de janeiro de 2009
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